6.8.11

De mãe para mãe







 A coluna hoje não é minha. É da Flavia Rocha Azevedo, que me mandou uma linda história que resolvi passar para vocês. Acho que, atualmente, todos nós estamos precisando de notícias assim.  

“Na semana passada, voltando para Singapura, botei o iPhone na mochila, de onde ele caiu no aeroporto do Galeão. No meio da confusão de malas de bordo, mochilas, filho tagarela de um lado para o outro, só percebi a perda dentro do avião, quando fui pegá-lo para desligar durante o vôo.

Fiquei arrasada. Torci para que tivesse caído no taxi (o motorista é nosso conhecido). Infelizmente, ao chegar em São Paulo, o motorista me disse que não tinha encontrado nada... Pânico total! A pessoa que o encontrou poderia entrar no meu Facebook e no meu email. Me senti tão invadida que liguei para minha mãe pedindo que mudasse todas as senhas, e lá ficou ela, perdida no mundo tecnológico. Amaldiçoei o dia em que não coloquei senha no celular, culpei o Rafa por não ter percebido que ele tinha caído... Fiquei pensando em quanta coisa a gente escreve nos emails, quantas informações estão ali a um simples toque de quem souber procurar.

Depois comecei a pensar nos vídeos e fotos que tirei durante a viagem para o Rio e que ainda não tinha copiado para o computador. Pensei nessas imagens e em tantas outras coisas que estão no meu iPhone. No vôo para Doha dormi mal, cheguei até a sonhar que alguém postava no meu Facebook: “Flavia Rocha está chorando porque perdeu o iPhone e não vai recuperá-lo!” Enfim, fiquei com aquela sensação de impotência que a gente fica quando vacila.

Chegando em Doha fui direto para o iPad para tentar mudar as senhas, E eis que vejo um email da minha mãe:

“Oi filha, me ligou uma pessoa super humilde que trabalha na limpeza do aeroporto pois encontrou seu celular, na verdade ele pediu para um amigo, mais esperto, ligar. Muito legal!!!!! Ele mora na Ilha e eu vou amanhã buscar. Depois veremos como lhe mando, mas fica tranquila, são pessoas do bem.”

Chegando em Singapura, tive o relato mais fofo da minha mãe. Ao chegar na rua onde esse senhor mora, os seus filhos vieram recebê-la todos felizes. Contaram que adoraram brincar com os joguinhos e que curtiram ver os vídeos daquele neném que fala engraçado. A esposa veio entregar o celular e disse, com lágrimas nos olhos, que, depois de ver o vídeo do Gabriel comendo macarrão decidiu encontrar alguém que soubesse mexer no celular para poder devolver, ela não queria que eu ficasse sem aqueles vídeos e fotos...

Fiquei super tocada com todo o episódio, não só por pensar que ainda existem pessoas honestas no mundo mas, sobretudo, por perceber que aquela mãe pensou em mim como mãe e fez o esforço de procurar um número do Rio em um celular de Singapura para devolver as fotos e  vídeos para a mãe do neném que fala engraçado.

Ela comentou também que os funcionários do aeroporto encontram muitos celulares o tempo todo, e que a Infraero não dá o menor suporte para encontrar os donos. Alô, Infraero!!!

Meu iPhone está a caminho de casa. E eu tiro meu chapéu para tamanha sorte e para essa história super legal. Viva, viva, viva!”

* * *

A dica de aplicativo é o Watermyphoto, para iPhone, que produziu os reflexos que vocês vêem nas fotos de hoje, e virou tendência no Instagram, onde meio mundo anda alagado. Mas a brincadeira não é exclusiva do mundo Apple. Quem quiser dar um brilho nas suas fotos via PC tem várias opções de applets, que, a bem dizer da verdade, já fazem isso há pelo menos vinte anos. Em bit.ly/n7Jsrn o reflexo é estático; em bit.ly/oKah1C, são criados gifs animados em que água se mexe.

Divirtam-se!


(O Globo, Economia, 5.8.2011)